Cidades Solares

Fachadas Solares do Futuro

Os sistemas solares fotovoltaicos têm-se tornado uma forma cada vez mais atrativa para o fornecimento de energia livre de emissões poluentes. Cada vez mais é possível encontrar grandes centrais solares a céu aberto em todo o mundo. Porém, o maior benefício pode residir bem perto de nós: nos nossos telhados e fachadas.

O fotovoltaico e a paisagem urbana 🏙️

Foi timidamente que, ao longo das últimas 2 décadas, as primeiras centrais fotovoltaicas começaram a popular as superfícies de edifícios industriais e de serviços. Costumava ser um investimento avultado e, por isso, qualquer empresa que possuísse um sistema solar no telhado conseguia promover uma imagem mais verde, além de realizar alguma poupança financeira pelo facto de evitar comprar alguma energia à rede. Atualmente, em parte pelas exigências dos profissionais da arquitetura e design, ou pelas metas exigidas pelo horizonte 2030, ou mesmo pelo potencial ascendente da mobilidade elétrica, a implementação do fotovoltaico nos edifícios tem-se tornado mais comum – na Europa a potência do fotovoltaico integrado em edifícios já ronda os 7 GW.

O investimento é, nos dias de hoje, mais atrativo devido à queda acentuada e consistente nos preços dos painéis, registando uma redução de 4 vezes na ultima década, o que leva o cidadão comum a querer investir para produzir a sua própria energia. Enquanto que os primeiros sistemas residenciais eram instalados sem especiais considerações estéticas, recorrendo maioritariamente à tecnologia convencional, mais madura, do silício cristalino, o mercado de hoje oferece soluções alternativas que transportam o fotovoltaico para um nível onde pode ser encarado como uma parte funcional do edifício: um material de construção que produz energia.

BIPV – Building Integrated Photovoltaics 🏢🌞

O conceito do fotovoltaico integrado em edifícios (BIPV, do inglês Building Integrated Photovoltaics) aplica-se aos sistemas que se tornam elementos arquitetónicos funcionais (p.e. painéis em estruturas de sombreamento) e/ou substituem materiais de construção convencionais (p.e. vidro fotovoltaico). Podem ser utilizados painéis típicos de cor azul escura e forma retangular, todavia, as alternativas oferecem diferentes cores, texturas, formas e graus de transparência, tornando o BIPV capaz de responder a exigências estéticas mais complexas. É importante notar que o desempenho energético do edifício será, pois, influenciado pela presença do sistema que, ao absorver a radiação solar, pode evitar/potenciar ganhos térmicos e servir de camada protetora contra intempéries.

O potencial de produção energética via fotovoltaico nas cidades é imenso, o que pode marcar a independência dos cidadãos face à rede elétrica (dependendo dos incentivos fiscais e do enquadramento legal do autoconsumo em vigor). O investimento é a fase mais exigente, no entanto a queda dos preços doa painéis e outros componentes eletrónicos tem aliviado os encargos, nomeadamente se for feito no ceio de cooperativas solares e/ou através de crowdsourcing. Por outro lado, o custo liquido do sistema solar pode ser muito reduzido aproveitando uma intervenção de renovação para poupar na aquisição e instalação de materiais convencionais.

Um sistema fotovoltaico num edifício, devido à sua natureza modular, envolve uma montagem e manutenção mais flexível. Deste modo, a descentralização da produção e o consequente consumo local são facilitados, evitando-se investimentos adicionais em novas infraestruturas da rede elétrica, minimizando-se as perdas de energia por transporte e aumentando a robustez da rede na sua capacidade de responder a falhas – sistemas mais pequenos e independentes tornam as falhas/reduções de produção locais. Por outro lado, diminuem-se as importações de eletricidade e a compra de terreno para realização de grandes centrais, dado a área disponível nos edifícios, principalmente nas fachadas, ser tão vasta.

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Artigo escrito pela especialista Sara Freitas da Lisboa E-Nova, Doutorada em Sistemas Sustentáveis de Energia, no Instituto Dom Luiz – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

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