Entrevistas

Caso de sucesso: Instalação de Sistemas Fotovoltaicos no Mercado de Alvalade

Fique a conhecer melhor a instalação fotovoltaica no Mercado de Alvalade e a visão da Junta de Freguesia de Alvalade sobre a energia solar na nossa cidade!

1. O que motivou a instalação de energia solar na cobertura do Mercado de Alvalade?

Sendo um dos principais equipamentos da freguesia, dos que mais visitantes recebe, é também aquele que, pelas suas características, levanta maiores preocupações relativamente à questão da fatura energética. O Mercado está aberto 6 dias por semana, durante praticamente todo o ano, tendo um consumo fixo de equipamentos que funcionam 24 horas (tais como as câmaras de frio e os motores de produção de gelo laminado) e a própria vivência do Mercado que levam à ocorrência de 2 picos relevantes no consumo. O primeiro pico dá-se deste as 6h da manhã até um pouco depois das 7h, que é quando os comerciantes começam a chegar ao Mercado e, de seguida, vão às câmaras de frio buscar os produtos para os colocar em exposição. Existe também um silo com 2 máquinas onde é feita a produção do gelo laminado em quantidade pré-contratada com a Junta de Freguesia. Por outro lado, ao final do dia, ocorrem os trabalhos inversos para arrumar tudo o que não foi vendido, dando-se o segundo pico de consumo, não tão concentrado como no período da manhã.

2. Como é composto este sistema fotovoltaico?

Antes da instalação foi necessário perceber se o perfil de consumo se adequava a uma unidade de produção e qual seria o benefício, ou seja, qual a quantidade de painéis ideal versus o investimento. Assim, optou-se por um sistema que ronda os 60 kWp, com cerca de 140 painéis instalados, cada um com uma potência de 410 W. Os painéis estão organizados em 12 string boxes (equipamento que protege a corrente contínua e que está conectado entre os módulos e o inversor) que ligam a um único inversor de 60 kW. Para além disso, como é obrigatório, existe um contador de produção. O sistema foi instalado pelo final de agosto/ início de setembro de 2021, sendo que foi apenas ligado em fevereiro 2022. Efetuou-se uma fase inicial de testes antes de estar a funcionar em pleno, verificando-se já uma taxa de autoconsumo de cerca de 20 a 25%.

3. Costumam recorrer a algum software de monitorização da produção solar? Com que frequência é realizada a manutenção deste sistema fotovoltaico?

Contamos com um data logger que agrega toda a informação e permite controlar, em tempo real, através de uma app ou de um website, quanto é que está a ser produzido. Por exemplo, num dia nublado, como é o caso do dia em que ocorreu a entrevista, o autoconsumo era de apenas de 3,7% – a produção solar nunca é zero, pois apesar de não haver sol direto, há sempre radiação solar difusa. Já num dia muito soalheiro, o nosso autoconsumo pode chegar a 29%. É também possível observar na app os picos de consumo da manhã e do final do dia, assim como as horas em que o Mercado está em atividade.

4. Como foi o processo de procura por uma solução fotovoltaica no Mercado? E qual foi o valor do investimento inicial deste sistema?

Primeiro, projeto foi lançado a concurso, ou seja, as empresas interessadas tiveram de apresentar a sua melhor ideia para um projeto no Mercado. Foi estabelecido um valor base, como em todos os projetos de consulta pública, e fornecidas as especificações técnicas mínimas que teriam de ser respeitadas. Todas as propostas foram pontuadas, com a ajuda de um consultor externo, sendo que a proposta vencedora acabou por contemplar um valor que ficou abaixo do valor estimado para concurso – cerca de 40 k€ + IVA no total. De acordo com os estudos preliminares, esperamos um tempo de retorno do investimento em 4 a 5 anos.

5. Há planos para expandir a potência instalada no Mercado ou para novas instalações fotovoltaicas nos edifícios geridos pela JF de Alvalade

Estamos, de facto, a pensar em expandir a instalação no futuro, uma vez que o Mercado possui ainda uma grande área livre na cobertura, com uma boa exposição solar, não existindo edifícios a fazer sombreamento. A mais curto prazo, temos outros edifícios em vista, nomeadamente o nosso posto de limpeza. Esta infraestrutura apresenta um consumo significativo, quer de energia elétrica, quer de gás. É onde todas as equipas de higiene urbana tomam os banhos, no final dos turnos, e tem sofrido uma progressiva eletrificação, não só dos veículos, como das ferramentas que fazem a limpeza dos espaços públicos (sopradores de folhas e roçadoras) que neste momento são todas elétricas. Para nós, faz todo sentido eletrificar a frota e as ferramentas, mas essa energia deve ser proveniente de fontes sustentáveis. Para isso, está a ser estudada a adaptação do atual sistema de aquecimento de águas para um sistema híbrido, que possa ser solar e gás, nas alturas em não há radiação, e uma instalação fotovoltaica que permita carregar os veículos e as baterias das ferramentas. Outro dos projetos de futuro seria a criação de uma comunidade de energia onde os nossos edifícios possam ser a fonte de produção de eletricidade e que esta, depois, possa ser levada uma tarifa energética mais favorável a outros setores da nossa freguesia.

6. O que diria a outros decisores que estão a considerar (e também aos que ainda não consideram) a instalação de sistemas fotovoltaicos nas suas empresas e organizações?

Se infraestrutura o permitir, é sempre benéfico fazer uma análise. É importante perceber quais as horas de maior consumo, se o edifício tem muitas paragens ao longo do ano, entre outros fatores, ou seja, se o perfil de consumo consegue adaptar-se a uma unidade de produção. O nosso sol é uma oportunidade e há diversos fundos e linhas de financiamento que poderão estar disponíveis, quer no setor público, quer no setor privado. Há um custo inicial, mas que rapidamente terá retorno.

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